quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Uma pitada de veneno

Quando eu fiquei noiva, inicialmente o sonho era de casar com tudo que eu tinha direito, ou pelo menos ter um vestido, uma festa, coisa simples. Mas sendo a família dele de uma religião diferente, ou nós tentaríamos algo ecumênico ou desistiríamos da ideia de celebrar alguma coisa na igreja.
Pra começar a criatura não manisfestou nenhum tipo de reação. Meu noivo antes de por a aliança na minha mão teve que cumprir todo um ritual de "dar satisfações" à mãe dele, coisa comum por lá haja vista que se as coisas não são explicadas da maneira como devem ser, corre o risco dela entender como quiser e fazer disso um inferno. Aliás, inferno ela sempre faz por bobagem, difícil é conseguir agradá-la sem ser horrível e outros adjetivos mais...
Depois de uma semana, acho que passado o choque, os comentários eram os piores possíveis, coisa do tipo "casamento é uma desgraça" e por aí vai. A propósito, eu nunca entendi como uma mãe de família que se diz cristã usa de um vocabulário tão baixo, principalmente para se referir as coisas que são próprias da "lei de Deus". Até então meu noivo não dizia nada e a vontade que eu tinha era de pegar a velha, encostar num canto e socar até a morte. Depois percebendo o despeito por parte dela, usei a tática da pirraça,ou da indiferença, assim não tinha que me indispor com ninguém.
Ainda tentando amenizar a situação, sugeri ao meu noivo que casássemos na Igreja Adventista, pois eles costumam casar pessoas que não são batizadas na ideologia deles. Desde que eu estivesse feliz, pra ele tanto fazia casar na igreja, morar junto, no civil, etc. Então comecei a procurar um templo que atendesse às necessidades esperadas. Ela vendo minha busca ficou elétrica, queria falar com pastor, fazer e acontecer. Então começou outro drama, a lista de convidados. Casar na igreja dela significava chamar todos os amigos e "irmãos" da naja, então em algum momento meu noivo surtou e desistiu da ideia.
Na verdade ele foi obrigado desde pequeno a ir pros cultos finais de semana, estudou em uma escola para adventistas e vida toda, esse Deus dela era mais que imposto em conversas, brigas, castigos e por aí vai. Ele estava tão saturado de tudo que bateu pé firme e disse que casava de qualquer jeito menos na Igreja Adventista, não pela religião, mas porque a mãe dele já tinha imposto a cernça de uma maneira tão negativa que pelo menos no casamento dele a escolha deveria ser nossa e não da maneira que ela queria.
Mudança de planos compreendida, a Fulana se achou no direito de ligar pra minha casa e dizer que se não ia ser na Igreja Adventista, que se fosse na Católica ela não ía, porque não ia "se ajoelhar pra porra de santo de ninguém!", é mole?
Mais uma vez, desisti dos meus planos, abri mão da igreja e resolvemos fazer algo em casa mesmo. Resolveu alguma coisa? Nada. Qualquer coisa era um motivo pra ela dizer "se for assim ou assado eu não vou" e nessa brincadeira, ela queria definir se a festa ia ter bebida alcoólica ou não, a cor do meu vestido, mas perguntar qual seria o custo de tudo isso e no que ela poderia ajudar, isso ela não fez. Essa organização do casamento virou um inferno tão grande que eu estava com os nervos à flor da pele.
Pior que nós, eu e meu noivo, tentávamos não dar satisfação, mas sabe esse povo que vive no quintal dos outros e pesca tudo que se diz? Não sei que bola misteriosa essa mulher tinha pra saber de tanta coisa... Fiquei puta e joguei a ideia do casamento pro alto. Desisti literalmente de fazer qualquer comemoração. Por isso, minha família acabou sugerndo um chá de cozinha, já que poderia ser feito no meu aniversário e sendo minha festa ela não precisaria estar na lista, mas eu andava tão desgastada e tão desanimada que nem isso eu fiz. Arrumei mais um emprego, organizei todo o meu enxoval e tentei não pensar em certas coisas.
Quando meus cunhados foram embora pro interior ela emprestou uma grana a cada um, nunca cobrou de volta, mas esse ano ela resolveu mexer no caderninho das dívidas e justamente na página onde meu noivo devia a ela. Não me refiro a dívidas diárias, mas cobranças de escolas que foram pagas na infância, mensalidade de faculdade...coisa que ela nunca fez com os outros, ela fez conosco, o resultado era o gato sempre apertado, pagando as contas da casa dele, da casa dela, pagando as dívidas do século passado e eu arcando com as despesas do enxoval sozinha, ou seja, além de sacanear a festa do casamento e de nunca ter se oferecido pra ajudar em nada, ela ainda tirava o pouco que a gente conseguia juntar. Muita coisa que temos hoje foi comprada por mim ou foi presente da minha família, porque da parte de lá não veio nada. Como eu disse num outro momento, minha sogra só me deu duas coisas em quase nove anos de relacionamento com o filho, uma toalha de mesa de feira do interior, e um chaveiro de 1 real. O que ela sabe mesmo fazer é achar e pedir, aliás, uma atitude que me irrita, a de não poderver nada sem dizer "me dê..." e quando a gente corta ela deconversa "estou brincando".
Nem gosto de relembrar certas coisas porque me vem aquela sensação homicida de pegar ela pelos cabelos e atirar a cabeça dela contra a parede até matar e isso não faz bem à alma. Só quem viveu o que eu vivi pra saber o que foi aquele demônio em forma de gente, com o nome de Jesus na boca tocando o terror. No final das contas, cheguei a conclusão de que festa a gente faz pra quem merece, como de lá nunca veio nada, daqui também não vai sair, usarei a grana na arrumação do apt e vou morar junto com meu noivo. Depois a gente marca um dia, vai no cartório, assina os papéis e pronto...mas eu espero do fundo de minha alma que ela pague por todo esse joguinho infernal que ela faz na vida das pessoas.

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